Interessante como a questão do roubo e divulgação das fotos íntimas de uma atriz gerou uma onda de manifestações condenatórias.
Um verdadeiro festival de moralismos em que aparentemente, ignoram que ela foi
roubada. Teve sua vida invadida e algo que é de caráter pessoal foi exposto em público.
Conentei a pouco no artigo da
Conjur: As fotos da atriz e o elogio do decoro escrito pelo Carlos Costa
"No início dos anos 1960, fui estudar em um seminário. E os padres e
professores insistiam no que se chamava de “decoro”, com recomendações
de não se expor em público (ou seja, não se pentear ou cortar as unhas
na frente dos colegas), a subir escadas sem saltar degraus de três em
três, a cultivar o que se chamava de bons modos. E uma nota era lançada
no boletim quinzenal sob o título de “urbanidade”.
...
...
No entanto, hoje, constrangidos, subimos no elevador em companhia de
jovens casais que se agarram em beijos derramados, sôfregos, lúbricos —
algo que em outros tempos se fazia, quando se fazia, a portas fechadas.
Alguém poderá dizer que são coisas da modernidade, mas volto a pensar
nessa falta de decoro que se tornou uma das marcas dos dias atuais.
...
...
O recente episódio das fotos da atriz Carolina Dieckmann faz parte desse cenário."
Meu comentário:
Alguns aproveitam para inverter a situação e despejar uma torrente reprimida de moralismos condenatórios.
Aliás, quantos destes fazem parte da famosa escola "moralismo de cuecas"?
Será que são "santinhos assim"?
Quantos vi nestes dias, babando na frente do computador, procurando fotos e ao mesmo tempo criticando e acusando? Se não gosta por que querem tanto ver?
Isto é perversão de quem critica mas demonstra desejo pela vítima.
Quem muito grita geralmente tem algo a esconder. E neste caso grito é prova de falta de argumentos.
Quem muito critica os demais, costuma estar mostrando suas próprias fraquezas.
Em certos países ainda hoje, em pleno Século XXI, se uma mulher for estuprada ela é acusada e punida, geralmente de forma terrível, chicoteamento e até com a morte por
apedrejamento.
A
vítima é punida, acusada. Pedras virtuais machucam também.
Abençoam e elogiam a fofoqueira do bairro que vai na missa todo domingo, mas passa todo tempo despejando veneno! E pior agora está ganhando terreno pois agora usa a internet para se intrometer na vida dos outros?
Estão construíndo templos ao vício da inveja, da fofoca e da repressão!
Condenem Romeu e Julieta!
Cadê o senso de humanidade? Cadê o senso de
Justiça quando um profissional desta área mistura totalmente a agressão com crítica moralista sobre questões de fôro íntimo?
Antes de usarem os argumentos da religião que praticam, lembrem que muitas religiões consideram sexo pecado, algo horrível e que a mulher é considerada como coisa do diabo e que tudo é culpa dela.
|
Critiquem.
Mulher estuprada por polícial no oriente.
Algum pervertido quer reclamar
porque ela aparece em trajes menores?
Foto: Keen Observer9 |
Quantas mulheres violentadas deixam de ir a policia por medo de sofrer nova violência por parte das "autoridades"?
Existe uma clara distinção de assuntos aqui e que precisa ser observada.
As pessoas tem
vida íntima e o que um casal faz na sua intimidade é de caráter pessoal.
Existem os que usam da internet e participam em sites de exibicionismo. Mas só entra lá quem QUER. De maneira ampla e geral, ninguém está se colocando no meio da rua para afrontar. São locais reservados.
Mas historicamente, as fofoqueiras do bairro, os mexeriquentos, os que anseiam por dominar até o mais íntimo pensamento das pessoas, insiste em se pendurar na janela e apregoar regras e falar mal dos outros.
Hoje as carolas e fofoqueiras usam a janela da internet para invadir a vida dos demais.
O artigo em princípio, fala muito bem sobre uma coisa importante, a urbanidade, o convívio em sociedade. Isto vem da família e de cultivarmos bons valores.
Conviver com as demais pessoas tem a ver com respeito mútuo e consideração. Caráter, bons costumes. Higiene, respeitar o espaço dos outros.
Mas é muito diferente uma pessoa ser roubada! Alguns aproveitaram para criticar a intimidade desta pessoa. Essa pessoa e outras, não estão colocando suas coisas num objeto pessoal, o computador, e com isto se oferecendo para o mundo. Ela foi roubada. Seria o mesmo que dizer que não posso colocar minhas cartas no cofre forte do banco porque estou me oferecendo a exposição pública caso o cofre seja arrombado e os ladrões publicarem minhas cartas.
Então cadê o direito de intimidade, de preservar o que é seu?
Vamos adotar a tirania e invasão da intimidade das negras eras feudais ou dos regimes totalitários que punem até com mortes cruéis e verdadeiros atos animalescos, qualquer pessoa que esteja fora de um suposto ideal de perfeição?
E quem são estes seres "perfeitos" que condenam os demais?
Nada a ver com o comportamento de alguns que acham normal fazer qualquer coisa em público. Se um estuprador fotografar e divulgar fotos da vitima então condenam esta? Voltará a prática ainda existente nalguns locais em que a vítima de estupro é punida também? Credo!
Então qualquer um teria o absurdo direito de invadir uma residência e ainda por cima dizer que seu morador está errado em ter uma vida privada? Os tiranos adorariam colocar câmeras dentro das suas casas e controlar tudo, o que fazem, o que pensam.
Noutro artigo recente (link abaixo) comentei a respeito. É algo normal e bastante comum entre casais.
Infelizmente, os moralistas (será?) adoram se meter na vida dos outros e parecem sempre prontos a criticar. Que moral é esta que semeia a tirania e condena tanto?
Confundem roubo (crime) com ato de livre vontade.
Se eu concordar alguma colocação em que expõe que a invasão total da vida
privada como sendo natural e algo que deveria ser aceito, eu estaria aceitando
a tirania, a opressão.
Temos a histórica luta dos que se recusam a serem meros objetos, joguetes
nas mãos de alguns que buscam impor seus valores pela força.
A repressão das mais básicas liberdades humanas é o mecanismo mais usado
pelos tiranos, sejam políticos ou religiosos.
Se eu temer pela minha integridade pessoal pela possibilidade de algum
pervertido sem escrúpulos me assaltar, e ser elogiado pelo seu ato criminoso,
também temerei por tudo o que faço e deixarei de acreditar na justiça e na
possibilidade de uma real evolução da espécie humana.
Eu estaria aceitando a volta da barbárie da era das trevas, das câmaras de
tortura de tantos séculos que serviram basicamente para impor na marra, desejos
egoístas e mesquinhos de dominação, de satisfação unicamente pelo jugo através
da violência e incapacidade de aceitar divergências e por um imenso medo de que
alguém nalgum lugar possa estar sendo feliz.
Se alguém acha que um cidadão que não faz nada fora da lei, não tem o direito
de privacidade dentro de sua moradia, então me desculpem, mas é difícil
imaginar em que tipo de valores ou caráter possa estar falando. Isto não é
urbanidade, muito menos civilidade. São escravidão e tirania pura e simples.
Existem riscos e são verdadeiros. Não os ignoro em absoluto.
Veja, vamos para outro exemplo: Quem escala uma montanha está sujeito a
diversos fatores de risco. Pedras soltas, falta de ar, avalanches, torcer um
pé.
Nas minhas incursões vi pessoas se lesionando simplesmente porque não
cuidaram de usar uma meia correta e amarrar direito o cadarço do calçado.
Mas ao invés de deixar de escalar ou fazer trilhas, aprende-se a dominar as
técnicas para interagir neste ambiente hostil e ter o máximo possível de
recursos disponíveis no caso de alguma adversidade.
É um risco real, e muitos consideram este esporte, uma tentativa de suicídio.
Mas ficar jogando dominó na praça também pode ser arriscado. Têm locais em
que alguns se aproveitam da distração dos jogadores, ou simplesmente pode cair
um galho de uma árvore.
Não é muito diferente da questão "urbanidade", assunto que dá a
entrada no artigo.
Conviver em sociedade não difere muito com os cuidados necessários para
andar pela natureza.
Simplesmente caminhar pela mata ou numa área montanhosa, sem cuidar do que
se faz é um risco enorme.
Visite uma caverna e rapidamente vai ser lembrado de que o teto pode estar
muito baixo, é preciso olhar para todos os lados. Cuidar muito onde pisa, pois
as pedras soltas no chão não tem o assentamento causado pela chuva e vento.
Podem estar equilibradas de forma precária. Ou estarem escondendo, da mesma
maneira, um buraco profundo.
Temos paralelos com as tecnologias. Elas trazem conforto e muitas novas
oportunidades.
Mas pode ser como deixar de andar pela mesma trilha e adentrar-se por
labirintos desconhecidos.
Quem coloca música alto dentro do ônibus, perturba os demais. Mas também
pode ser vítima dele próprio, ao deixar de ouvir um grito de alerta.
.'.
Leia também:
.'.